Close-up of mature woman holding hands with her patient and giving him some advice to solve his problem

Por que Falar Sobre a Morte é Importante

A filósofa Delphine Horvilleur, rabina e terceira mulher a ser nomeada rabina na França, compartilhou histórias tocantes de seu trabalho com famílias enlutadas e condução de cerimônias fúnebres em seu livro “Viver Com Nossos Mortos”. Uma das histórias que ela narra é o encontro com uma criança de oito anos que havia perdido o irmão. Essa criança expressou a confusão de não saber se seu irmão estava no céu ou em algum outro lugar, um sentimento comum que muitos de nós já experimentamos.

 

Falar sobre a morte e enfrentar a complexidade de sentimentos que ela traz não é uma tarefa fácil, nem mesmo para aqueles que estão acostumados a lidar com o luto. No entanto, Delphine acredita que a linguagem desempenha um papel fundamental na transformação do processo de luto em uma oportunidade de crescimento e entendimento. Ela se vê como uma contadora de histórias, alguém que ajuda as pessoas a encontrar palavras e gestos para expressar sua dor e dar “voz aos silêncios”.

 

A importância de falar sobre a morte vai além de encontrar consolo em tempos difíceis. Delphine acredita que a morte não pode ser contada, mas a vida pode. Contar a história de quem partiu, compartilhar lembranças e celebrar a vida daqueles que já se foram é uma das mais belas homenagens que podemos prestar. É um ato de investir na vida, de escolher a vida repetidamente, mesmo quando a morte já chegou.

 

A morte e a vida estão entrelaçadas, e é fundamental entender que a morte desempenha um papel vital na sobrevivência. O excesso de vida, a recusa da morte, pode ter consequências negativas, como o desenvolvimento de tumores. É um lembrete de que a morte e a vida coexistem, e escondê-la ou separá-la de nós é um erro.

 

Explorar a morte e falar sobre o luto pode nos forçar a enfrentar nossas próprias vulnerabilidades e falhas. É um exercício desafiador, pois expor nossa fragilidade é essencial para consolar alguém que está passando por um luto. A vulnerabilidade é uma parte essencial desse processo.

 

Quando alguém parte, não devemos falar sobre a tragédia de sua morte, mas sobre a vida que viveram e como foram celebrados. A morte não deve sequestrar toda uma existência, reduzindo-a apenas ao seu fim.

 

A morte nos leva a uma terra desconhecida, um exílio onde nenhuma palavra conhecida pode descrever completamente o que sentimos. É como se nos tornássemos imigrantes em um novo mundo, onde precisamos descobrir uma nova linguagem para expressar nossa dor e nossos sentimentos.

 

Falar sobre a morte nos ajuda a enfrentar o desconhecido, a olhar para o futuro e a encontrar significado nas pegadas que deixamos para trás. O futuro não está à nossa frente, mas atrás, nas trilhas que seguimos. É nesses rastros que aqueles que nos sucedem encontrarão o que ainda não pudemos ver.

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