Quando uma pessoa morre, algumas horas depois inicia-se o processo natural de decomposição do corpo e alguns cuidados são necessários para que a última lembrança do ente querido se mantenha agradável. Para isso, algumas técnicas de conservação são utilizadas com o propósito de assegurar a boa aparência do falecido durante o funeral e evitar constrangimentos.
No artigo de hoje falaremos sobre uma delas: a tanatopraxia. Continue a leitura e entenda quando surgiu o procedimento, qual é a sua finalidade e em quais casos deve ser utilizada.
Quando surgiu a tanatopraxia?
Essa prática é derivada do milenar processo de embalsamento, realizado desde o Egito Antigo. Naquele período, os métodos de conservação se diferenciavam conforme a classe econômica da pessoa e de seus costumes, sendo destinados principalmente aos faraós, pois acreditava-se que se tornariam deuses após a morte. Após realizar toda a preparação do corpo, acontecia uma grande celebração que o preparava para a mumificação.
Ao longo do tempo, as técnicas de preservação foram pouco a pouco se modernizando até chegar ao que conhecemos hoje como a tanatopraxia. O termo, que faz referência a Thánatos – deus da morte na mitologia grega –, surgiu durante a Guerra Civil Americana e os primeiros países a utilizá-la foram Estados Unidos, França e Itália. O procedimento chegou ao Brasil somente no início dos anos 1990, em Minas Gerais.
Hoje, o serviço é realizado em funerárias e clínicas de preparação (tanatórios) por todo o país. Para se tornar um profissional da área (chamado de Tanatopractor), é preciso ter 18 anos completos e realizar o Curso de Formação em Tanatopraxia.
Embalsamento x tanatopraxia
Ambos os procedimentos têm por objetivo manter o corpo do falecido intacto durante todo o velório ou nos casos em que se faz necessário o transporte para longas distâncias, mas há ligeiras diferenças entre eles. Entenda:
Embalsamento – esse tratamento é utilizado quando o corpo precisa ser preservado por longos períodos ou quando há a necessidade de transladá-lo para outros estados ou países. Com a finalidade de protegê-lo contra o processo natural de decomposição é inserido o fluído embalsamador, composto por água e formaldeído (conhecido como formol). Dessa forma, os órgãos ficam enrijecidos, evitando a proliferação de bactérias.
O serviço completo leva entre 4 e 12 horas para ser realizado e deve ocorrer nas primeiras 12 horas após a morte, pois após o prazo de 24 horas o sangue pode coagular e dificultar a injeção da solução.
Curiosidade: Lênin, um dos líderes da Revolução Russa, foi embalsamado em 1924 e tem até hoje seu corpo exposto de forma intacta na Praça Vermelha, em Moscou.
Tanatopraxia – a técnica também consiste em conservar o corpo, mas por um período de tempo mais curto (entre 24 e 48 horas). Primeiramente, é realizada uma avaliação da massa corpórea do falecido, depois são inseridos líquidos germicidas (diferentemente do processo anterior, neste não se utiliza formol) e, por último, todos os líquidos corporais são aspirados.
Em seguida, iniciam-se os procedimentos de tamponamento e necromaquiagem. O primeiro objetiva fechar os principais orifícios com algodão, enquanto o segundo tem o intuito de deixar o semblante da pessoa que morreu mais próximo àquele que tinha em vida, através da correção de imperfeições na pele e da aplicação de maquiagens. O tempo médio de toda a preparação é de duas horas.
Existem três níveis de tanatopraxia, de acordo com o tempo em que o corpo será velado:
- Nível 1: ideal para corpos velados por até 12 horas;
- Nível 2: recomendada para cerimônias de até 24 horas e para translado intermunicipal;
- Nível 3: indicada quando há corpos que passaram por necropsia e/ou quando há translado interestadual.
Curiosidade: a cantora Carmen Miranda foi a primeira brasileira a ter maquiagem mortuária, em 1955.
Para saber mais: fenômenos da decomposição
Você sabia que após a morte o corpo passa por diversos estágios de decomposição até chegar ao período de redução esquelética? Segundo a Perita Criminal, Amanda Melo, essas etapas são imediativas ou consecutivas e acabam comprovando um óbito. Conheça abaixo a chamada “tríade da morte”:
1. Algor mortis: consiste no resfriamento do corpo logo após a morte. Esse fenômeno começa pelas extremidades (mãos, pés e face) e varia dependendo da idade, peso, umidade e temperatura.
2. Rigor mortis: nada mais é do que o enrijecimento do corpo, causando o endurecimento dos músculos. Essa rigidez acontece progressivamente e tem início sempre pela cabeça, após cerca de uma hora após a constatação do falecimento.
3. Livor mortis: são as mudanças de coloração da pele, causadas pelo depósito de sangue parado nas partes mais baixas do corpo. Esse evento inicia entre 1h e 3h após a morte.
Quando a tanatopraxia deve ser realizada?
Grande parte das pessoas desconhecem esse procedimento e acabam se deparando com ele apenas no momento da partida de um ente querido. No entanto, nem todos os casos de falecimento exigem a realização dessa técnica de conservação e as famílias acabam tendo que pagar sem necessidade.
Por isso, os municípios possuem uma legislação própria para o serviço funerário que apontam em que circunstâncias a tanatopraxia tem caráter obrigatório. Segundo o artigo 2-A da lei 10595/2002 sancionada pela prefeitura de Curitiba, o processo deve ser realizado nas seguintes situações:
I – quando o corpo necessitar de transporte via térrea para outro município com distância superior a 250 (duzentos e cinquenta) quilômetros.
II – quando o corpo for transladado por via aérea ou marítima e o tempo decorrido entre o óbito e a inumação ultrapassar 24 (vinte e quatro) horas.
III – quando houver indicação do médico assistente que assinou a Declaração de Óbito.
Importante salientar que cada cidade tem uma lei específica. Dessa forma, é importante verificar quais serviços são facultativos e atentar-se aos preços praticados. Em Curitiba, o valor médio gira em torno de R$1.000,00 (mil reais).
Tanatopraxia em época de pandemia
A Covid-19 também alterou os protocolos relacionados ao manejo de corpos, com a finalidade de diminuir o risco de infecção dos profissionais envolvidos. De acordo com as recomendações contidas no Guia elaborado pelo Ministério da Saúde em março de 2020, não é recomendada a realização de tanatopraxia quando ainda há risco de transmissão da doença.
Ainda assim, nas ocasiões em os profissionais tenham que manipular de alguma forma o corpo, é obrigatória a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): máscara N95 ou superior, macacão usado sob um avental, botas impermeáveis, óculos e luvas cirúrgicas. Além disso, o profissional não pode esquecer de higienizar as mãos antes e depois do manuseio.
Confira as novas regras para funeral em tempo de pandemia.
Papel sanitário da tanatopraxia
Além de higienizar e preservar o corpo por mais tempo, a técnica é considerada uma amiga do meio ambiente. Isso porque, quando uma pessoa falece, diversos agentes infecciosos – vírus, bactérias, protozoários, fungos e parasitas – permanecem vivos e podem ser responsáveis pela propagação de doenças e contaminação do solo após o enterro. Todas as empresas funerárias e clínicas responsáveis pela tanatopraxia devem elaborar um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, segundo resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
O procedimento também evita que ocorram situações desagradáveis durante o velório, como o vazamento de líquidos e mau odor.
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