Não dá para negar que a tecnologia tomou conta das nossas vidas e tem alterado a rotina de todas as faixas-etárias, até mesmo da população sênior – acima de 60 anos. Os tempos mudaram e o comportamento dos idosos foi de encontro a essa onda de transformações. Hoje, aquela imagem da avó de cabelos grisalhos fazendo seu tricô enquanto espera o bolo preferido do neto sair do forno é cada vez mais rara.
Essa geração é social e economicamente ativa. Elas trabalham em tempo integral, dirigem, praticam atividades físicas, estudam, viajam e não desgrudam por nada de seus smartphones. Inclusive, são bastante ativas nas redes!
Continue o artigo da Luto Curitiba e entenda como o uso da tecnologia na terceira idade tem influenciado no comportamento desse público.
Acesso da terceira idade à internet cresce na pandemia
O distanciamento social, imposto pela Covid-19, afetou drasticamente o cotidiano dos mais velhos, forçando-os a interromper suas atividades diárias e a permanecer isolados em casa. Por outro lado, houve um avanço significativo em relação ao número de idosos conectados às redes.
E os estudos não mentem. A pesquisa “Uso da tecnologia e impactos da pandemia na terceira idade” realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), revelou que o percentual da população com mais de 60 anos que navega pela web apresentou um crescimento de 68% (em 2018) para 97% (em 2021). Ou seja, quase 100% desse público está inserido no meio digital.
O levantamento ainda aponta que 84% dos entrevistados utilizam o telefone celular como a principal ferramenta de acesso. Os aplicativos para redes sociais, transporte urbano e bancos são os mais usados pelos sêniores, sendo o WhatsApp o app preferido por 92% deles.
Esse cenário de medo e insegurança causado pela pandemia, atrelado à saudade dos mais próximos, acelerou o processo de inclusão digital na terceira idade. Mesmo aqueles que nunca tiveram familiaridade com recursos tecnológicos se adaptaram ao novo contexto para se conectar com familiares e se manter informados.
Segundo a projeção realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), indivíduos com 60 anos ou mais representarão um quinto da população mundial até 2050. Isto é, com o envelhecimento populacional, haverá ainda mais idosos inseridos no mundo online.
Benefícios da conectividade para a melhor idade
O uso da tecnologia na terceira idade vai muito além da necessidade de poder se comunicar com outras pessoas. Os sessentões, setentões, oitentões e os quase centenários fazem parte de uma parcela de internautas bastante ativa nas redes. Você provavelmente já deve ter se deparado com os vídeos do ator Ary Fontoura, após tornar-se influenciador digital, ou dos vovôs TikTokers que fizeram o maior sucesso na web, certo?
Embora eles ofereçam entretenimento gratuito e divirtam milhões de seguidores, os maiores beneficiados são eles mesmos. Afinal, a tecnologia melhora a qualidade de vida desse público em vários aspectos. Entenda as vantagens:
1. Estímulo para a mente
A utilização dessas ferramentas pode ser um grande desafio para os mais velhos, mas é um verdadeiro exercício para a mente. Os hábitos tecnológicos contribuem para a redução da perda de memória (bastante comum nessa faixa-etária) e diminuem o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas, como a demência e o Alzheimer.
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2. Mais autonomia e independência
Uma das maiores queixas da melhor idade é depender dos filhos(as) ou netos(as) para a realização de suas atividades diárias. Fazer compras, realizar pagamentos e marcar consultas são alguns exemplos de tarefas que foram facilitadas com a tecnologia. Apenas alguns cliques são necessários para que a pessoa consiga pedir uma comida via delivery e viver com mais autonomia.
3. Oportunidade de novos aprendizados
Antes de conquistar a independência citada no tópico acima, o idoso terá que se dedicar para aprender a utilizar equipamentos eletrônicos, como smartphones. Mesmo com o crescimento de acessos provenientes dessa faixa-etária, muitos reclamam da falta de habilidade e da dificuldade de adaptação a tantas mudanças tecnológicas.
Por isso, os familiares precisam ter paciência para ensiná-los, pois o aprendizado ocorrerá de forma lenta e gradual. O conhecimento também pode ser adquirido por meio de cursos, oficinas e projetos que visam a inclusão digital da população idosa.
4. Desenvolvimento da habilidade motora
A tecnologia pode ser usada como uma importante ferramenta para o desenvolvimento psicomotor, estimulando as atividades cerebrais. A necessidade de clicar ou digitar pequenos textos já é suficiente para que o indivíduo trabalhe a coordenação motora de modo saudável.
5. Promove a socialização
É inegável que o uso de recursos tecnológicos tem encurtado distâncias e aproximado as pessoas em questão de segundos. A comunicação com a família e amigos foi ampliada através de ligações, chamadas de vídeo, e-mails e conversas via WhatsApp, proporcionando maior socialização e aliviando os sintomas do confinamento causados pela pandemia.
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Desafios para a inclusão digital na terceira idade
Ainda há diversas barreiras físicas, cognitivas e sociais que implicam na exclusão digital dos seniores. Dificuldades visuais e auditivas, perda de parte da coordenação motora, baixa escolaridade e o preconceito são alguns dos aspectos que limitam a vida de pessoas idosas.
Além disso, os equipamentos eletrônicos disponíveis no mercado não são adaptados para esse público, dificultando a sua usabilidade. Dessa forma, as empresas devem começar a investir em tecnologia assistiva para a melhor idade. Essa ferramenta aperfeiçoa o desempenho funcional de indivíduos acima de 60 anos com limitações, deixando-os mais independentes.
Os dispositivos precisam ser acessíveis e intuitivos, através da adaptação de recursos básicos como:
- Teclas maiores
- Tela grande com boa resolução
- Sistema operacional mais leve
- Interface adaptada com ícones grandes
- Design simples
- Atalhos na tela inicial
- Facilidade de desbloqueio
- Teclado físico
- Texto transcrito em áudio
Alguns smartphones também contam com teclas físicas, que facilitam o dia a dia daqueles que ainda não se acostumaram com as tradicionais telas touch screen.
Mesmo com as limitações enfrentadas na hora de manusear dispositivos e plataformas, os idosos têm uma grande vantagem em relação aos mais jovens: a experiência. Eles são mais responsáveis, mais pacientes e não medem esforços para o desenvolvimento de habilidades técnicas.
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